quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

calma de um navio chegando ao porto

MA,


E se eu te amasse num momento, pequeno e calmo, minúsculo e leve, no vento que esqueceu o caminho, que vaga nas estradas, que se perde nas curvas, que se espalha no rio, será que teus dedos descobririam meus cabelos, tuas mãos achariam minhas pernas debaixo do vestido, tua voz resistiria ao barulho das águas? E se eu te amasse num momento, alto e amplo, grande e maior, junto ao céu, numa asa, contra o sol, solto e livre num vôo silencioso de pássaro, será que teus olhos se juntariam aos meus num horizonte improvável, teu riso seria alto outra vez menino, teu peito se encheria de felicidade inédita? E se esse momento não chegar, será que um dia você perceberá que tem de mim o vento, o caminho, as estradas, as curvas, o rio, o céu, a asa, o sol, o vôo, o pássaro, o horizonte improvável, o riso, o menino, a felicidade esperando para ser?
Eu tenho calma de um navio chegando ao porto.

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